A crescente sofisticação dos golpistas exige vigilância redobrada. Uma modalidade que tem ganhado notoriedade consiste em criminosos que se passam por advogados ou por integrantes de escritórios de advocacia e oferecem a promessa de “liberação” de valores judiciais mediante pagamento antecipado de taxas ou custas. A técnica explora confiança, dados públicos e pressão psicológica, e pode causar prejuízos financeiros e exposição de dados sensíveis. Este artigo explica, com linguagem direta e prática, como o golpe é aplicado e quais medidas concretas tomar para se proteger.
Como o golpe funciona (passo a passo)
- Contato inicial: a vítima recebe ligação, mensagem por WhatsApp ou e-mail. O interlocutor se apresenta como advogado, assessor ou funcionário de um escritório.
- Uso de dados reais: os golpistas consultam fontes públicas processos, redes sociais, jornais para coletar nome, CPF, número de processo e informações que conferem credibilidade ao discurso.
- Oferta e exigência: afirmam que há um crédito a receber (sentença, acordo, parcelamento) e que é preciso pagar uma taxa, custas ou “liberação” via Pix, depósito ou cartão para liberar o valor.
- Pressão e urgência: aplicam técnicas de pressão (prazo curto, risco de perder o direito, urgência) para forçar decisão imediata.
- Desaparecimento: após o pagamento, cortam o contato; o suposto valor nunca é liberado.
Por que o golpe “funciona”
Os golpistas exploram três fatores:
informações públicas que legitimam o roteiro fraudulento;
urgência emocional que compromete o raciocínio crítico;
falta de verificação prévia por parte da vítima. A combinação é potente, sobretudo quando a pessoa tem, de fato, algum processo em andamento e está emocionalmente envolvida.
Como se proteger: medidas práticas e imediatas
- Desconfie automaticamente de pagamentos antecipados
Nenhum advogado ou tribunal “exige” pagamento prévio por telefone para liberar verba judicial. Se houver solicitação de depósito, PIX ou pagamento via cartão para “liberar” qualquer quantia, pare e não transfira dinheiro. - Verifique a identidade profissional
Peça o número de inscrição na OAB do suposto advogado e confirme a inscrição diretamente no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ligue para o escritório informado, use o número oficial do site do escritório, não o número indicado pelo contactante. Exija e confira procuração assinada e documentos que comprovem representação. - Consulte o processo em fontes oficiais
Pesquise o processo nos portais eletrônicos dos tribunais (e-SAJ, PJe, Tribunal de Justiça local). Informações sobre eventuais valores, decisões ou ordens de pagamento constam nos autos; o contato por mensagem não substitui a consulta processual oficial. - Não forneça dados sensíveis por telefone ou WhatsApp
CPF, dados bancários, comprovantes e senhas nunca devem ser repassados por esses canais. Golpistas usam informações mínimas para construir confiança e extrair dados adicionais. - Cuidado com a pressão psicológica
Golpes frequentemente criam urgência artificial. Respire, converse com alguém de confiança, e dedique tempo à verificação. Quem pressiona para decisão imediata provavelmente tem intenção fraudulenta. - Confirme sempre por canais oficiais
Se você tem advogado constituído, confirme a alegação com ele. Se não tiver, procure contato oficial do escritório que supostamente representa a causa. Em caso de dúvida, registre Boletim de Ocorrência (polícia civil) e comunique a OAB local. - Em caso de pagamento indevido, aja rápido
Contate imediatamente seu banco e peça o bloqueio/estorno da transação. Registre Boletim de Ocorrência e guarde todas as conversas, prints e comprovantes para eventual investigação e formalização de pedido de ressarcimento.
Para onde denunciar e buscar apoio
- Delegacia de polícia (Boletim de Ocorrência) — registro formal para investigação.
- OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) — comunicação sobre falsos advogados ou uso indevido de personalidade jurídica.
- Banco ou instituição financeira — solicite bloqueio e orientação sobre estorno.
- Procon — em casos de lesão de consumidores por práticas fraudulentas.
- Plataformas de mensagens — denuncie e bloqueie o número no WhatsApp e registre provas.
A prevenção é, em regra, mais eficaz que a reparação. Verificação simples, confirmar número OAB, checar processos em portais oficiais, não realizar pagamentos antecipados e desconfiar de urgências emocionais, elimina a maioria desses golpes. Mantenha cópia de todas as comunicações, envolva seu advogado de confiança e procure as autoridades diante de qualquer suspeita.
Atenção e verificação são os melhores aliados do cidadão. Se receber contato oferecendo “liberação” de valores judiciais, pare, confirme e aja com cautela. Em caso de dúvidas, procure orientação jurídica formal e registre as ocorrências para as autoridades poderem investigar e impedir novas fraudes.
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Agosto/2025



